O G20 sob a presidência do Brasil, realizado em novembro de 2024 entrou para a história, não apenas pelo cenário político e econômico, mas pela iniciativa pioneira de incluir a sociedade civil no processo de discussão e decisão de maneira oficial. Batizado de G20 Social, o evento aconteceu nos dias que antecederam a Cúpula dos líderes, e garantiu a participação ativa de organizações não governamentais, movimentos populares, empresas e a sociedade civil, promovendo um diálogo construtivo em torno dos desafios globais.
Na cidade do Rio de Janeiro, palco da histórica ECO-92, a presidência brasileira do G20 deixa o legado da participação da sociedade no G20, deixando a mensagem que não iremos construir um futuro mais justo e sustentável sem ouvir todas as partes interessadas. A recomendação é que este modelo se mantenha nas próximas cúpulas, inspirando maior integração da sociedade civil nas discussões internacionais.
O Brasil também celebrou uma vitória diplomática com a aprovação unânime do documento final do G20. As 20 maiores economias do mundo, que respondem juntas por 80% dos recursos, 80% das emissões e 75% dos resíduos produzidos, assinaram uma declaração final com uma série de compromissos:
- a criação da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, que será coordenada pela FAO em Roma.
- o apoio à taxação sobre os super-ricos, incluído pela primeira vez no comunicado final da Cúpula do G20. A taxação de 2% sobre grandes fortunas poderá arrecadar mais de US$ 250 bilhões anuais, que poderão financiar iniciativas sociais e ambientais para combater a crise climática.
- reforçou o compromisso com a Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável, enfatizando o multilateralismo e a necessidade de ações urgentes contra a crise climática. Entre as metas firmadas estão a triplicação da capacidade global de energia renovável e a duplicação da taxa de melhorias na eficiência energética até 2030.
Créditos da foto: Alexandre Brum/ G20
Com a COP29 que acontece neste momento em Baku, e a próxima COP30 sendo sediada no Brasil, é essencial a discussão do financiamento climático e a construção de uma agenda climática robusta e alinhada com as demandas sociais.
A NATIVA teve a honra de contribuir ativamente para as discussões do G20 Social. Como membros do Greennova, Hub Internacional de Negócios, participamos do painel internacional sobre ESG nas empresas, discutindo como acelerar a transição para paradigmas econômicos mais regenerativos.
Também marcamos presença no evento Global Citizen, ao lado de importantes lideranças globais, como Marina Silva, ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima no Brasil, Ursula Von Der Leyen, Presidente da Comissão Europeia, Cyril Ramaphosa, presidente da República da África do Sul, Sônia Guajajara, Ministra dos Povos Indígenas do Brasil, debatendo caminhos para a colaboração internacional e o enfrentamento da crise climática.
Além disso, a NATIVA é membro da Coalizão G20 pelo Impacto, um movimento internacional que apresentou recomendações estruturadas para enfrentar a policrise gerada pela desigualdade e pela crise climática. Essas propostas, focadas na transição para um modelo econômico inclusivo e regenerativo, foram sintetizadas em uma carta oficial entregue ao Sherpa do Brasil no G20, anunciada no evento Lente B + IMPACT TRADE, coorganizado pela NATIVA em São Paulo em outubro, em parceria com o Sistema B. Entre as recomendações da coalizão está a criação do status legal para Sociedades de Benefício no Brasil, para promover um modelo de negócios orientado a gerar, além do lucro, um impacto ambiental e social positivo.
O G20 no Brasil foi um marco de convergência entre governos, empresas e sociedade civil, mostrando que o caminho para um futuro sustentável e inclusivo só será possível com colaboração e engajamento coletivo, apesar de ainda ser necessário o estabelecimento de metas mais ambiciosas para enfrentar os desafios exponenciais que vivemos. A NATIVA segue comprometida em ser parte ativa desse processo.
Créditos da foto: Alexandre Brum/ G20